“Quem hei-de enviar? Quem irá em vez de nós?”
Hoje Deus continua a perguntar a cada homem quem pode ir por esse mundo fora e ser a boca de Deus para anunciar a sua bondade.
Deus continua a chamar os homens para anunciarem a Sua Palavra, para serem pescadores de homens, como disse Jesus a Pedro, apesar de ele antes lhe ter dito: “Senhor, afasta-te de mim, que eu sou um homem pecador.”
Porque Pedro reconheceu que ele não merecia a tenção que Jesus teve para com eles, ao encher-lhes as redes, vazias depois de uma noite no lago em que não conseguiram apanhar um único peixe. Mas confiaram em Jesus que depois da sua pregação em cima da barca de Pedro lhes mandou que avançassem para o meio do lago e lançassem de novo as redes.
Ainda hoje Jesus continua a fazer este apelo: para não desistirmos de trabalhar pelo seu Reino, por mais árida que seja a tarefa, por mais infrutífera que seja a labuta. Ser cristão é estar no mesmo barco que Jesus, e escutar a sua voz que nos comanda a ser pescadores de homens, continuando assim a obra libertadora de Jesus em favor do homem. Porque a conversão dos homens não se faz pelos nossos lindos olhos mas sim pela graça de Deus.
Como diz S. Paulo que lembra aos cristãos de Corinto (uma das cidades mais desenvolvidas e cosmopolitas da época, com tudo o que isso tem de bom e de mau) a Boa Nova que ele lhes tinha anunciado. Mas no fim acrescenta que não foi ele o autor do trabalho. Ele nunca desistiu da anúncio do mistério cristão. Mas quem opera verdadeiramente no coração dos homens é a graça de Deus.
Todos somos chamados a ser mensageiros de Deus, uns de uma forma mais empenhada, outros de uma forma mais comum. Mas é preciso que os cristãos de hoje tenham a coragem de aceitar o desafio de Deus para lançarem as redes num mar onde não pescam nada, porque é o próprio Jesus que faz com que os peixes se sintam atraídos por redes mais libertadoras que certas asas.
Quanto mais acreditarmos que é ele que atrai as pessoas, mais capazes somos de as ajudar a descobrir a essência do Evangelho: Deus fez-se homem que morreu e ressuscitou para encontrarmos a vida plena e verdadeira.
A encarnação, morte e ressurreição de Cristo é um facto real, mas ao mesmo tempo sobrenatural e meta-histórico, algo que ultrapassa completamente as categorias humanas de espaço e de tempo, a fim de entrar na órbita da fé. É algo que a ciência histórica não pode demonstrar, porque corresponde a uma experiência de fé.
O que, historicamente, podemos comprovar, é a incrível transformação dos discípulos que, de homens cheios de medo, de frustração e de cobardia, se converteram em arautos destemidos de Jesus, morto e ressuscitado.