Domingo da Palavra

Celebramos hoje o Domingo da Palavra de Deus e as leituras que escutamos ajudam-nos a perceber a importância que a Palavra de Deus tem na nossa vida.

Jesus diz «Cumpriu-se hoje». Sim. Hoje, aqui reunidos em nome da SS. Trindade ao escutarmos as palavras de Jesus ele torna-se presente. O Evangelho não é apenas palavra humana inspirada por Deus, é o próprio Deus que nos fala. Jesus, Deus e homem, fala-nos directamente para que a sua mensagem não se perca no vazio, mas ganhe peso e dimensão na nossa vida, na vida de cada ser humano. E quando escutamos as suas palavras sentimos uma alegria enorme porque ele nos entende e nós o entendemos.

Imaginem a alegria do Povo de Israel quando regressados do exílio da babilónia, 500 anos antes de Cristo, podem de novo renovar a aliança com Deus, pela leitura solene e festiva do Livro da Lei, que regista a história da aliança de Deus com o seu Povo. Ainda em processo de construção do Templo de Jerusalém é o Livro da Lei que lhes assegura a renovação da aliança. Estão de novo na sua terra, estão de novo na comunhão com Deus, depois do exílio que conduziu à expiação dos seus pecados. Pela leitura e explicação sentem renovada em si a união sagrada com Deus e por isso choram de alegria.

É esta alegria que Jesus anuncia ao povo quando, na sua terra, ao ler o livro de Isaías, fala da libertação dos cativos, da vista concedida aos cegos, de um ano de Graça. E este ano de 2025 é um ano de graça, é um ano de alegria, ano em que podemos fazer caminho para o encontro com Jesus.

Cumpre-se hoje a Palavra de Deus, não porque a escutamos solenemente nas palavras proclamadas, mas porque esta palavra se faz pão que nos alimenta. Este Cristo que vemos na cruz é nosso alimento no pão consagrado. Cristo vem ao nosso coração, à nossa alma à nossa pessoa para que também nós possamos ser luz, boa notícia e libertação para aqueles que nos rodeiam, com quem partilhamos o mundo e a vida.

A Palavra escutada é palavra vivida. Não me esqueço daquilo que o Bispo me disse quando me entregou o Evangeliário no dia da minha ordenação de diácono: «Recebe o Evangelho de Cristo, que tens missão de proclamar. Crê o que lês, ensina o que crês e vive o que ensinas.» Esta missão não fica confinada aos pastores. É missão de todos os discípulos de Jesus, de todos os baptizados, membros de Cristo, sacerdote, profeta e rei como é dito no dia do nosso baptismo, quando somos ungidos com o óleo do crisma. É com os evangelhos que conhecemos Cristo, só conhecendo Cristo podemos imitar a sua vida, e ao imitar a sua vida estamos a ensinar aqueles que nos rodeiam.

É por isso que S. Paulo nos diz que somos Corpo de Cristo «judeus e gregos, escravos e homens livres», fazemos parte de Jesus. Cada qual com as suas características, somos como as células do nosso corpo, todas diferentes, mas todas com o mesmo ADN, o mesmo código genético. Como cristãos o nosso ADN é o Evangelho. É ele que nos diz que temos de fazer como Jesus, amar os outros, em todas as ocasiões para que a esperança da vida não morra. Para que em cada hoje se cumpra a Palavra de Deus.

Domingo do Tempo Comum 2

Depois de termos terminado o tempo do natal em que celebramos o nascimento de Jesus para a nossa salvação iniciamos nesta semana a celebração do tempo comum, em que acompanhamos a sua missão de anunciar à humanidade a chegada do Reino de Deus com o anúncio do Evangelho. Por isso neste tempo usamos paramentos verdes que são o símbolo da esperança que é vida.

E depois de termos celebrado no passado domingo a Festa do Baptismo de Jesus, hoje celebramos o seu primeiro sinal miraculoso, como manifestação concreta de que ele é o verdadeiro Messias esperado pelo povo.

Na primeira leitura a comparação entre a alegria de Deus por um povo convertido e purificado com a alegria entre noivo e noiva pretende salientar que, através do milagre nas bodas de Caná, Jesus abençoa o casamento humano e eleva-o para servir como representação de um tipo completamente diferente de alegria nupcial: a aliança de Deus com a humanidade.

A Graça de Deus transforma a nossa vida dando-lhe uma dimensão mais profunda e plena, faz-nos encontrar a verdadeira felicidade, não apenas uma ilusão efémera.

E o milagre acontece pela atenção de Maria, sinal da Igreja zelosa e intercessora, que se volta para o filho Jesus. Ela sabe tudo o que é necessário: conhece o o seu poder divino, sabe que ele pode mudar o destino daquele matrimónio.

Certo de que a única maravilha que Deus lhe atribuiu é a Cruz, Jesus não quer ser obrigado a assumir o papel de milagreiro, que a multidão insaciável lhe exigirá, a partir de agora, vezes sem conta.

Depois vem aquela que é provavelmente a palavra mais bela de Maria, com a qual deixa tudo a seu cargo e ao mesmo tempo instrui os servos para lhe obedecerem: «Façam o que Ele vos disser!».

Embora despercebido por outros, este é realmente o início da glória de Jesus. Ele não lhe resiste, porque a palavra da sua mãe está muito próxima daquilo que mais o ocupa interiormente: Fazer a vontadedo Pai Celeste.

Não sabemos se os convidados reparam na tranformação de algo corriqueiro e vulgar no precioso néctar, fonte de alegria e sinal de abundância. O relato apenas diz que os seus discípulos “acreditaram nele”. E esse é o único resultado que ele consideraria um sucesso. Embora tenha tentado manter em segredo os seus milagres posteriores, muitos deles foram considerados sensações, tornando a sua missão mais difícil.

João coloca este «sinal» no início do seu Evangelho porque é síntese de tudo aquilo que Jesus fará em seguida. Ele é o noivo que celebra as núpcias com a humanidade. A festa começou, mas atingirá o apogeu quando «chegar a sua hora», quando, no Calvário, manifestar todo o seu amor dando a vida pela esposa que toda a humanidade.

Que esta missa nos ajude a estar atentos aos outros como Maria e a fazermos o que Jesus nos diz, ao serviço do bem das pessoas.

Exodus 94

Tive um problema técnico, rsultado de andar a mexer no código PHP do site e acabei por ter de reinstalar de novo o WordPress.

Os posts antigos não estão perdidos, tenho-os guardados no MarsEdit. Vou república-los aqui à medida que os achar determinantes.

É por isso que est é o primeira “republicação”.

O Exodus foi uma actividade para caminheiros da Região de Leiria que teve início em 1993 e que se fazia entre o Natal e o Ano Novo. O Assistente Regional desde o início propôs que os seminaristas maiores da diocese participassem nesta actividade, para ajudarem os caminheiros na sua reflexão e para conhecerem a mistica e pedagogia do escutismo. Assim quando fossem párocos não estavam completamente alheios ao movimento.

Foi Por isso que em 1994 participei pela primeira vez. Ainda não era escuteiro, por isso fui completamente às escuras e sem mochila. O Saco onde levei a roupa e o mais que era necessário era o que levava também com a roupa para o Seminário e era este.

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A actividade foi realizada a norte de S. Pedro do Sul. As diversas equipas saíram de vários pontos, pernoitaram três noites em vários lugares juntando-se no último dia em Covelo de Paivó.

A minha equipa partiu de Carvalhais ao fim do dia, acampámos depois de duas horas de caminho. De manhã lavámos-nos numa bica de um tanque de rega e seguimos em direcção a Ladeira. Aí cruzámos-nos com outra equipa, que seguia outro trilho.

Pernoitámos pela segunda vez em Coelheira. Aí montámos as tendas no telheiro da escola primária. No outro dia de manhã partimos em direcção a Póvoa das Leiras. Aí nos juntámos com as restantes equipas do clã. Partilhámos os trabalhos de reflexão e fizemos uma oração conjunta. Nessa noite dormi em cima de um monte de palha de feijão.

A ultima etapa na caminhada foi entre Póvoa das Leiras e Covelo de Paivô, na crista da Serra da Ribeira a chover percorrendo o carreiro que aparece a tracejado na carta. Ainda guardo as cartas topográficas que usámos.

Ao chegarmos terminámos o dia com a celebração da missa.

Aqui podem ver o album de fotos desse Exodus de dezembro de 1994.

Esperança

Caminho

Cantámos no salmo responsorial da missa de hoje “Não esqueçais as obras do Senhor” e o Evangelho narrava-nos o episódio do paralítico descido através do telhado para ser curado por Jesus.

Na homilia falei da importância da esperança na nossa vida. Num tempo em que tanta gente olha para o amanhã com desânimo não podemos esquecer-nos que Deus é o nosso Salvador. Como cristãos não podemos esquecer-nos da história de Deus entre nós. Ele fez-se homem e viveu connosco, ensinou-nos a amar e a fazer o bem a todos, a perdoar e ser misericordioso.

O Paralítico foi levado por quatro amigos que tiveram de subir para o telhado para chegar a Jesus porque a multidão era imensa. Não era apenas o doente a ter fé e esperança que Jesus o podia curar. Também os amigos tinham fé e por isso não ficaram parados. Sozinhos facilmente desesperamos, a alienação das pessoas tantas vezes nasce do isolamento e da solidão, que são explorados por bastante gente para instrumentalizar tantas pessoas. Só uma comunidade efectiva e real pode transformar as pessoas em agentes efectivos da transformação do mundo para melhor. O projecto de Deus para a Humanidade é um projecto comunitário, a começar na família e que se estende até à consciência da fraternidade universal.

Como cristãos vivamos como peregrinos na esperança.