29º domingo do tempo comum, ano A

A pergunta que os fariseus fazem a Jesus continua hoje a ser feita aos cristãos e à Igreja: devemos pagar tributo a César? Qual o nosso papel no mundo secular, diante do estado. Devemos ou não pagar os impostos, obedecer às leis nas nações.

Jesus Cristo diz-nos para darmos a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Importamo-nos apenas para a segunda parte da frase mas esquecemos-nos do seu princípio: «Dar a Deus o que é de Deus» E tudo pertence a Deus porque Ele é o Criador e Senhor de toda a realidade. Somos criados à imagem e semelhança de Deus, não à imagem e semelhança de César, qualquer que seja o seu nome.

Não era apenas na antiguidade que os reis e imperadores eram vistos como Deuses. Hoje continuamos a encontrar homens e mulheres que se apresentam como os senhores do universo, porque têm a vida das pessoas nas suas mãos e podem fazer com elas o que quiserem. E tanta gente vemos escravizada porque não conseguem libertar-se desse domínio humano. Sejam homens e mulheres abusadas pelos seus chefes, sejam jovens alienados pelos influenciadores, sejam crianças instrumentalizadas por organizações egoístas.

Não podemos deixar que a falta de esperança e a inacção destruam a humanidade. O que Jesus nos diz é que Deus é o Senhor, ele pode transformar o mundo miraculosamente, mas sempre com a intervenção das pessoas, crentes ou mesmo descrentes. S. Paulo escreve aos cristãos de Tessalónica, na Grécia, hoje chamada Salónica, e que foi a primeira cidade europeia a ser evangelizada. Como ele a nossa missão é anunciar a Boa Nova não apenas com palavras mas sobretudo através das nossas acções: de verdade, de bem e de beleza. Ao vivermos as virtudes da Caridade, da Fé, da Esperança Deus actua em nós e através de nós.

Mas esta intervenção divina no mundo não acontece apenas através dos Baptizados. Ainda hoje Ele inspira o coração e a mente de tantos homens e mulheres pelo mundo para fazerem o bem e contribuirem para que o seu plano de salvação aconteça. Deus continua a chamar e a inspirar a muitas pessoas, com um coração compassivo e consciência recta, para fazerem o bem, como Ciro, Rei da Persia que conquistando a Babilónia determina a libertação dos judeus do exílio e o restabelecimento da terra de Israel.

Na nossa relação com os outros, numa perspectiva secular, Deus convida-nos a colocar-mos a Salvação do ser humano no centro da nossa acção. A ter em conta nesse objectivo aquilo que temos em comum com os outros com que nos encontramos e relacionamos e que não são como nós. A ter em conta aquilo que nos une e não aquilo que nos separa. Só assim podemos ser verdadeiros cristãos e verdadeira humanidade.

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