A Eucaristia é um dever ou um direito?
Lembro que o meu professor de Direito Canónico dizia que a participação na missa semanal, mais do que um dever é um direito de todos os fiéis cristãos. E apresentava os escritos e testemunhos dos padres da Igreja, dos primeiros mártires e teólogos que, junto dos tribunais civis da altura que os queriam impedir de celebrar a sua fé, no primeiro dia da semana, diziam ter o direito de se juntar em assembleia para cumprir o que jesus lhes tinha mandado.
Se Jesus veio ao Mundo para a salvação de toda a humanidade, mandou os apóstolos a anunciarem a Boa Notícia e a Baptizarem toda a gente, o acesso aos meios de salvação, sobretudo os Sacramentos, é um direito de todos os fiéis cristãos baptizados.
Descontando as disposições pessoais e o estado de graça necessários para receber os sacramentos, os cristãos não devem ser impedidos de receber aqueles sacramentos de que necessitam e para os quais estão preparados. Não se pode recusar a confissão ao pecador arrependido. Não se pode recusar a comunhão aquele que de coração purificado quer receber Jesus Cristo, pão da Vida eterna.
Posto isto é minha opinião que os sucessores dos Apóstolos, enviados por Cristo como continuados da sua missão num determinado território, ou seja os Bispos, em união com o Papa, sucessor de Pedro, Bispo de Roma, Pedra sobre a qual Cristo fundou a sua Igreja, deviam providenciar para que todos os baptizados tenham fácil acesso a estes meios.
Uma coisa é ter uma comunidade cristã congregada numa cidade onde o bispo reside, como acontecia nos primeiros séculos, ou ter comunidades numa determinada aldeia guiada por um presbítero ou um convento, como acontecia na Idade média. Outra coisa é ter comunidades cristãs onde o padre passa uma vez por ano para confessar, celebrar a eucaristia e ungir os doentes, ter cristãos que não se podem confessar porque o padre passa a vida em reuniões e a gerir Centros Sociais e não tem tempo para escutar as pessoas, para celebrar dignamente a eucaristia.
Celebrar a missa e confessar, ungir os doentes, é um serviço da Igreja aos Baptizados, ou é uma forma de estabelecer o poder sobre as pessoas? Segundo o Ritual da Ordenação dos Presbíteros é a Igreja local (diocese) que pede ao seu Bispo para ordenar o candidato: “Reverendíssimo Padre: pede a Santa Mãe Igreja que ordeneis estes nossos irmãos para o ministério do presbiterado.” Será que reservar esta missão apenas a homens solteiros é o melhor que podemos fazer para que quem tem sede de Deus possa aceder facilmente aos sacramentos, sobretudo da Eucaristia, da Reconciliação e da Unção dos Doentes?