Português

Quantos erros numa simples palavra?

É uma vergonha que o serviço público de televisão apresente erros ortográficos na sua legendagem, situação que se tornou escandalosa com o correr do tempo de entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1994, que parece que só em Portugal é que existe.Português

Interconeções? Toda a gente sabe que se escreve interconexões. Não como é que esta palavra aparece? Interconecções? E cai o c antes do ç?

É divertido ir ao ciberdúvidas e ver a patetice dos argumentos.

“Os cientistas que estudaram o novo AO resolveram uniformizar foneticamente as sequências consonânticas. Assim, consegue-se mais facilmente saber se a consoante se escreve ou não: cai se for muda na pronúncia. Por exemplo, em Portugal, deve escrever-se estupefacto porque o c se pronuncia, mas estupefação porque nesta palavra já não se pronuncia o c. Deixa-se à memória auditiva da palavra o encargo de escolher no contexto se a vogal é aberta ou não, como se faz em colher substantivo e colher verbo. A solução não é perfeita, pois o contexto nem sempre ajuda na distinção, e há o risco de retorno da grafia sobre a fonia. Tem ainda o inconveniente de haver necessidade de duplas grafias nalgumas palavras, quando não há uniformidade de fonia no universo da língua (ex.: concepção/conceção).”

Mais giro ainda é ver o que o ciberdúvidas diz sobre Conexão:

‘Já procurei em vários sites, dicionários e etc. Sei que é melhor conectividade ao invés de “conecção”… mas os dois são aceitos? Qual a etimologia? Significam a mesma coisa?

Marlene Godas Professora São Paulo, Brasil:
Deve querer dizer conexão («o que liga, une, conecta; conector, junta»), pois “conecção” não aparece nas obras consultadas, embora conexão, em 1712, se escrevesse connecção. Conexão vem do «lat[im] connexĭo,ōnis, “ligação, ajuntamento, conclusão de um silogismo, associação, conexão”; (…) ; f[orma] hist[órica] 1573 connexão, 1645 conexão, 1712 connecção, 1712 connexam». Além do que se diz acima, conexão também significa «ligação social, profissional, de interesses, de amizade etc. (mais us[ado] no pl[ural])» e, na construção, «peça de metal ou plástico us[ada] para ligar dois ou mais ramais de tubulação» ou «ligação de duas ou mais tubulações ou aparelhos em ramificações rígidas ou flexíveis». Em «eletricidade, eletrônica», é «ligação de corrente elétrica por contato». Na área da informática, ainda se trata de um regionalismo do Brasil, sendo «ligação entre dispositivos ou computadores com o objetivo de transferir dados».

O termo conectividade vem de «conectivo + -i – + -dade»; e conectivo é «ad[a]p[tação] do fr[ancês] connectif,ive, de connecter + -if/-ive (1799), inicialmente como termo de biologia e posteriormente (c1926) como termo de gramática». Conectividade significa «característica ou qualidade do que é conectivo» e, em informática (regionalismo do Brasil), «capacidade ou possibilidade (que tem um computador, dispositivo, sistema operacional, programa etc.) de operar em um ambiente de rede».

Como vê, ambos os vocábulos são legítimos, mas há contextos em que se usa mais conexão, e outros em que a palavra conectividade é mais utilizada.

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]

Ou seja: pelos vistos agora a norma é a lingua falada no Brasil. Bem diziam alguns que o acordo foi uma cedência de Portugal ao Brasil por causa de presuntivos direitos de publicação de livros pelas editoras. Mas o que acontece é que ninguém se entende, a língua está a degradar-se e a perder as suas raizes e por isso a sua logicidade, o que a torna extremamente difícil de aprender. E sabemos que já não era fácil.

O que falam inglês nos diversos países nunca precisaram de acordo para nada. O Espanhol a mesma coisa. O francês o mesmo. Só mesmo em Portugal é que tínhamos de ser originais.

Na Alemanha tampem fizeram uma reforma ortográfica em 1996, mas acabaram por reverter muitas mudanças em 2006. Em Portugal nem se admite alguma correcção: “Pára” que perdeu o acento e ninguém sabe se a palavra significa destino ou terminar um movimento.

E o que é mais me irrita é que encontro muita gente que não concorda com o acordo, reconhece que destrói a língua portuguesa, mas aceita porque o Governo, ou o Estado, ou sei lá o quê, determina que seja assim.

(Imagem emprestada de “O lugar da língua portuguesa”)

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