12º Domingo do Tempo Comum

Em 1987 uma banda portuguesa cantava: «Já não há heróis, heróis que consigam, levantar a moral dos impérios caídos.»  E na televisão vemos não só nas séries de ficção mas também nas notícias que os personagens principais são o oposto dos heróis, com a desculpa de que são gente real, de que a vida é assim.

E Jesus pergunta-nos: quem dizeis que eu sou? E nós interrogamo-nos se Ele é relevante para nós, porque parece que não é relevante para o mundo. Quantos likes tem Jesus no Facebook ou no Instagram? Ele próprio diz que tem de ser rejeitado, de sofrer, de morrer na Cruz.

Uma morte não é um artifício cénico para provocar uma reação emocional como diz Zacarias, nem é uma tragédia que espelha a condição humana. Não é uma morte para bater recordes de audiência nem um momento de suspense para nos deixar pendurados à espera da nova temporada. É um acontecimento fulcral que muda a história da humanidade, que muda a nossa história e que nos obriga a responder, a fazer algo.

Jesus não é nenhum herói como o Super-homem ou o Homem de Ferro, mas o que é certo é que Ele fez o que esperamos de um herói: a salvação do mundo, a derrota do mal. Mesmo que isso custe a sua própria morte e destruição.

Em Jesus nasce uma nova humanidade, não de heróis mas de santos, de homens e mulheres, ricos e pobres, de todas as raças e cores que procuram em cada dia fazer o bem, salvar o mundo, cuidar daqueles que estão ao seu lado.

Quando Jesus pergunta: Quem dizeis que eu sou? Não é para dizermos a imagem que temos dele, essa é a reposta que o mundo dá. Jesus quer que a nossa vida seja a sua vida, com diz S. paulo: “fostes revestidos de Cristo”. Isto quer dizer que aqui, ao celebrarmos a missa nos embrenhamos em Cristo de tal maneira que saímos transformados por Jesus e em Jesus.

Mas esta transformação não é apenas exterior, de aparência é uma transformação de todo o nosso Ser, como dizia S. Francisco Marto: “ver a Nosso Senhor, naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito.” Luz que nasce no nosso coração e que irradia como fonte imparável para iluminar o mundo.

E assim, transformados pela Graça de de Deus em Cristo, à maneira do Pão Eucarístico, podemos ser também nós reparadores do mundo, qualquer que seja a nossa vocação, qualquer que seja o nosso trabalho, qualquer que seja a nossa situação, sabendo que a nossa salvação depende da salvação do mundo e que a salvação do mundo depende do nosso compromisso com Deus.

Um compromisso total, para cada instante da nossa vida, em qualquer circunstância: por isso Jesus nos pede para assumirmos a cruz da vida, não com resignação, mas com excelência, para ir além da mediocridade da sobrevivência, alcançando o génio de uma vida extraordinária de superação constante, indo sempre mais além, abrindo novos caminhos que todas as pessoas possam percorrer: um carreiro que se transforma em caminho, um caminho que se transforma em estrada, uma estrada pela qual vai toda a humanidade, como o sangue que leva oxigénio e alimento às nossas células e nos permite viver.

Na cruz, pelo baptismo renascidos, somos nós esta vida do mundo percorrendo todas as suas células para lhe dar vida, para colocar a beleza de Deus, que é o amor, em tudo o que fazemos. Santificados pela graça de Deus, que encontramos na oração, na palavra e nos sacramentos, damos a nossa vida, gastando-nos, de maneira que o mundo se possa encher de Deus, de maneira que pelas nossas acções Deus seja presente em cada lugar.

Assim, mesmo não sendo heróis, porque ninguém repara no que fazemos, nem é preciso, somos santos porque damos vida ao mundo, limpando o mal, reparando a realidade, iluminando a beleza de toda a criação.

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