Um brilho novo
Vamos, neste fim de semana em peregrinação ao Santuário de Fátima. Vamos juntar-nos, de todas as paróquias, de todos os cantos da diocese para celebrar a nossa fé no Senhor. Vamos encontrar-nos sob o regaço da Mãe do Céu. A ela queremos confiar todas as gerações: as crianças, os adolescentes, os jovens e adultos, os que sofrem, todas as vocações que estão a germinar, todos os corações nos quais o Senhor fala silenciosamente chamando ao dom de Si para o serviço de Deus e aos irmãos.
Diz o nosso bispo D. António: “A peregrinação diocesana é uma marcha solidária de um povo de peregrinos que caminham juntos ao encontro da Mãe do Bom Conselho para com ela renovarem a sua fé, fazerem a revisão de vida, saborearem a experiência viva daquela comunhão que constitui o coração da Igreja.
S. Paulo diz que para Ele tudo é lixo comparado com Jesus. Só no encontro, diário e pessoal com Cristo é que a vida ganha sentido. É que vale a pena aquilo que fazemos. Assim a ida a Fátima ganha um novo sentido: não vamos porque é hábito, porque é uma festa ou uma romaria. Vamos à procura da luz que possa iluminar o nosso caminho. Brilhe para todos a luz que há em nós. Mas que luz é essa? Isaías lembra-nos que o Senhor abriu um caminho de salvação, apagando o exército do faraó como um pavio. Agora ele abre-nos um novo caminho, uma caminho no meio do deserto da indiferença e do relativismo dos homens. Não nos podemos contentar com as histórias do passado, com as glórias de Deus e dos cristãos. Não podemos continuar a fazer apenas o que os antigos faziam.
Jesus faz essa distinção no evangelho deste domingo: o pecado é uma realidade comum a todas as pessoas, ninguém está livre disso, ninguém se pode julgar acima dessa realidade. E porque todos somos pecadores todos precisamos de nos converter, de continuar a alimentar a luz que nos foi dada pelo baptismo.
Esta nova luz tem de ser sinal da vida, da nossa vida, concreta, de cada dia. Não é a lei que nos guia. Isso diz Jesus e também S. Paulo. Apesar de a Lei ser cada vez mais o critério de acção dos homens, por isso é que vão surgindo cada vez mais leis, para regular toda a nossa vida, os homens vão-se afastando uns dos outros.
Jesus vem transformar a Lei, dando-lhe um novo sentido: a lei tem de nascer do coração de cada homem, não pode ser uma estrutura vinda do exterior. Os homens que queriam apedrejar a mulher acabaram por se ir embora quando interrogaram a sua própria consciência. Quem sabe se eles não teriam também responsabilidade no seu pecado.
Jesus olha-nos nos olhos, mas não é para nos acusar nem para nos castigar, mas sim para nos perdoar, para nos reconciliar com Ele: “vai e não tornes a pecar”. Continua a deixar-nos livres para escolhermos o nosso próprio caminho, mas dá-nos também o conhecimento das possibilidades que temos.
E a única resposta que honestamente podemos dar é o nosso esforço para a nossa transformação. Não nos podemos sentar à sombra da bananeira julgando que já temos tudo, que já não precisamos de mais nada. Cada dia somos desafiados a dar uma resposta aos que estão à nossa volta. Essa resposta é a luz que levamos para os outros, forte ou fraca não importa. Até os pirilampos iluminam o mundo.