O concílio Vaticano segundo começa logo no nº 1 da Sacrossantum Concilium a dizer o seguinte:
“O sagrado Concílio propõe-se fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja. Julga, por isso, dever também interessar-se de modo particular pela reforma e incremento da Liturgia.” (negrito meu)
A palavra participação surge 20 vezes. Nove vezes aparece a expressão participação activa. A palavra fiéis aparece 59 vezes.
Diz o nº 14 da mesma constituição:
“É desejo ardente na mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e activa participação nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da Liturgia exige e que é, por força do Baptismo, um direito e um dever do povo cristão, «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Ped. 2,9; cfr. 2, 4-5). Na reforma e incremento da sagrada Liturgia, deve dar-se a maior atenção a esta plena e activa participação de todo o povo porque ela é a primeira e necessária fonte onde os fiéis hão-de beber o espírito genuìnamente cristão. Esta é a razão que deve levar os pastores de almas a procurarem-na com o máximo empenho, através da devida educação.”
Lembro que a Sacrossantum Concilium não é um texto escrito por qualquer pessoa mas uma Constituição Conciliar, depois de aturada discussão, entre 22 de Outubro e 13 de Novembro, tendo sido feitas 328 intervenções orais e 625 intervenções escritas, e que foi aprovada por 2147 votos a favor, 4 contra e 1 nulo, e que tem o peso não apenas da figura do Santo Padre, mas de todos os Bispos da Igreja que aprovaram a reforma litúrgica.
Reforma esta que não caiu do céu de repente mas tinha sido já iniciada pelo Motu proprio “Tra le sollecitudini“ de S. Pio X em 22 de Novembro de 1903, reforçada pela Encíclica “Mediator Dei“ publicada pelo Papa Pio XII em 20 de Novembro de 1947.