33 Domingo Comum

Acomodação ou coerência?

O tempo em que vivemos está carregado de contradições.

Numa altura em que as associações (de estudantes, desportivas e culturais, de países, etc.) se vão multiplicando mais aumenta o individualismo e egoísmo: que se encontra nas novas igrejas (seitas) que se centram apenas na realização de milagres, de curas de criação do bem-estar pessoal; que se encontra na programação que a televisão nos apresenta, manipulando os nossos valores, tudo submetendo aos critérios comerciais; etc.

Quanto mais se apregoa a liberdade mais se procura limitar essa mesma liberdade das pessoas para salvaguardar a segurança desta sociedade estrutural em que vivemos. Lembremo-nos do que aconteceu com as restrições à liberdade pessoal criadas depois de 11 de Setembro do ano passado.

Quando mais se proclama a igualdade entre as pessoas, mais aparece a sua separação: aumento do racismo, contra todos aqueles que não pertencem ao nosso grupo, apesar de não sabermos muito bem qual é ele; a própria mulher que tanto lutou e continua a lutar por uma igualdade aparece cada vez mais como instrumento dos desejos do homem.

Exemplo destas situações é a doutrina do “politicamente correcto” que se vai impondo cada vez mais na nossa sociedade, sinal do seu desequilíbrio em que já nada é natural, mas tudo é uma imagem (virtual) que se vai criando.

Por isso na primeira leitura se diz que uma mulher de valor é mais preciosa do que as pérolas. Porque não é apenas uma fachada bonita para alegrar a vida dos homens, mas porque é uma pessoa com características próprias, complementares do homem. Nesse tempo o valor duma mulher estava no trabalho doméstico. Qual é hoje o real valor de uma mulher? Mesmo que seja doutora ou engenheira.

As contradições que viemos lembram-nos para estarmos sempre alerta. O tempo que temos é relativo por isso é sempre pouco para o que queremos. Mas devemos estar preparados, porque todos os impérios caíram quando a segurança de transformou em desleixo. S. Paulo diz que quando os ímpios disseram: “paz e segurança”, então é que súbita ruína cairá sobre eles e não poderão escapar.

No Evangelho Jesus conta-nos uma parábola para mostrar que é preciso progredir sempre nas coisas de Deus. Não se pode descansar com o que se tem pois isso é fugir à responsabilidade de fazer avançar o mundo. É por isso que aquele que escondeu o seu talento na terra ficará sem nada, porque teve medo.

Durante esta semana lembremo-nos de que o ser verdadeiro implica uma coerência com aquilo que acreditamos verdadeiramente Que não nos deixemos guiar apenas por aquilo que os outros fazem ou dizem, acomodando-nos ao que está na moda.

Ser cristão sempre significou viver numa certa insegurança, então nesta época de actividades radicais, vamos viver radicalmente a insegurança da nossa fé, sabendo que a corda que nos segura é o próprio Jesus Cristo.

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