Depois de termos terminado o tempo do natal em que celebramos o nascimento de Jesus para a nossa salvação iniciamos nesta semana a celebração do tempo comum, em que acompanhamos a sua missão de anunciar à humanidade a chegada do Reino de Deus com o anúncio do Evangelho. Por isso neste tempo usamos paramentos verdes que são o símbolo da esperança que é vida.
E depois de termos celebrado no passado domingo a Festa do Baptismo de Jesus, hoje celebramos o seu primeiro sinal miraculoso, como manifestação concreta de que ele é o verdadeiro Messias esperado pelo povo.
Na primeira leitura a comparação entre a alegria de Deus por um povo convertido e purificado com a alegria entre noivo e noiva pretende salientar que, através do milagre nas bodas de Caná, Jesus abençoa o casamento humano e eleva-o para servir como representação de um tipo completamente diferente de alegria nupcial: a aliança de Deus com a humanidade.
A Graça de Deus transforma a nossa vida dando-lhe uma dimensão mais profunda e plena, faz-nos encontrar a verdadeira felicidade, não apenas uma ilusão efémera.
E o milagre acontece pela atenção de Maria, sinal da Igreja zelosa e intercessora, que se volta para o filho Jesus. Ela sabe tudo o que é necessário: conhece o o seu poder divino, sabe que ele pode mudar o destino daquele matrimónio.
Certo de que a única maravilha que Deus lhe atribuiu é a Cruz, Jesus não quer ser obrigado a assumir o papel de milagreiro, que a multidão insaciável lhe exigirá, a partir de agora, vezes sem conta.
Depois vem aquela que é provavelmente a palavra mais bela de Maria, com a qual deixa tudo a seu cargo e ao mesmo tempo instrui os servos para lhe obedecerem: «Façam o que Ele vos disser!».
Embora despercebido por outros, este é realmente o início da glória de Jesus. Ele não lhe resiste, porque a palavra da sua mãe está muito próxima daquilo que mais o ocupa interiormente: Fazer a vontadedo Pai Celeste.
Não sabemos se os convidados reparam na tranformação de algo corriqueiro e vulgar no precioso néctar, fonte de alegria e sinal de abundância. O relato apenas diz que os seus discípulos “acreditaram nele”. E esse é o único resultado que ele consideraria um sucesso. Embora tenha tentado manter em segredo os seus milagres posteriores, muitos deles foram considerados sensações, tornando a sua missão mais difícil.
João coloca este «sinal» no início do seu Evangelho porque é síntese de tudo aquilo que Jesus fará em seguida. Ele é o noivo que celebra as núpcias com a humanidade. A festa começou, mas atingirá o apogeu quando «chegar a sua hora», quando, no Calvário, manifestar todo o seu amor dando a vida pela esposa que toda a humanidade.
Que esta missa nos ajude a estar atentos aos outros como Maria e a fazermos o que Jesus nos diz, ao serviço do bem das pessoas.